sábado, 26 de março de 2011

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Fiquei surpresa quando me disse que lia muito. Lia muito no trem, no ônibus, olhei de novo, meu infalível preconceito se assentou e eu nem me lembrei da tatuadora. O preconceito se assentou e de um só olhar e com algumas palavras já achava que sabia tudo. O estado, a classe, onde morava e o que fazia. Lendo, no ônibus, no trem, lia tanto que aqui estava, no hospital, esperando a operação e achava que era a leitura a culpada pelo estado de seus olhos. Só podia ser lendo a bíblia, me disse meu preconceito. Porém, mesmo sem me lembrar da mãe da motorista de ônibus, reagi, hesitei: "espera aí, talvez..." Estiquei meu braço para frente e tentei apalpar algo do outro lado da névoa que me cobria, nada. Conversa vai, conversa vem, descobri que ela era goiana e estava vivendo em Harlsden há cinco anos e trabalhava de... Tive que admitir, desta vez, perdi: um ponto para o preconceito.

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